As aulas expositivas, desde que intercaladas com outros métodos e empregadas da forma correta, podem ser úteis nos temas da Geografia.
No
contexto da promoção da educação tradicional, em um tempo em que os
recursos didáticos eram escassos, as aulas expositivas eram muito
comuns, tanto para a Geografia quanto para as demais disciplinas. No
entanto, com o advento dos avanços tecnológicos e com a difusão de novas
metodologias no processo de ensino-aprendizagem, esse tipo de aula
começou a ser tachado como obsoleto e passou a entrar em desuso.
No
âmbito da Geografia, essa lógica se acirrou, haja vista que essa
disciplina envolve muitas questões que são melhores compreendidas quando
visualizadas, vividas ou presenciadas pelos estudantes. Dessa forma,
aulas envolvendo cartogramas digitais, trabalhos de campo, consultas em
sites e jornais e outras ferramentas tornaram-se mais difundidas e foram
responsáveis por dinamizar o ensino dos estudos geográficos em seus
vários temas e vertentes.
Mas será que as aulas expositivas deixaram de ser úteis para a Geografia?
A
resposta vai depender mais do professor e de seu estilo de aula do que
propriamente da disciplina em si, mas a tendência é a de que essa
metodologia ainda apresente resultados satisfatórios, desde que
executada da forma mais correta possível, evitando alguns problemas e
procurando alternar exposições com outros métodos.
A seguir exibiremos algumas dicas de ações a serem evitadas e outras a serem praticadas.
O que é bom evitar:
- Monotonia:
não é preciso que o professor “crie um espetáculo” em sala de aula, mas
seria muito interessante se ele conseguisse explicar os conteúdos de
forma mais interessante, sem aquele ritmo lento e sonolento. Um pouco de
“paixão” pode ajudar.
- “Mesmice”:
evite as repetições. Explicar diferentes assuntos sempre da mesma
forma, no começo, pode até ser bom, mas com o tempo gera desgaste e
provoca certo desinteresse por parte do aluno. É sempre bom o professor
procurar variar, de vez em quando, o seu estilo.
Por
exemplo: uma determinada professora gosta de escrever conceitos no
quadro e depois explicá-los, mas é bom, às vezes, ela realizar um ditado
ou fazer esquemas conceituais junto à explicação.
- Monólogos: é
sempre bom que o professor alterne as explicações com as falas e
opiniões dos alunos, mesmo que as considerações que eles façam não sejam
tão válidas assim. Estimular a participação, em alguns casos, propicia
um maior interesse dos estudantes.
- Ritmo linear na voz:
determinados assuntos da Geografia são amplamente descritivos. Dessa
forma, relatar uma situação ou descrever uma característica pode ser
muito chato se o professor nunca oscilar o tom da voz, o que pode
aumentar o índice de “sonolência” dos alunos.
O que é bom fazer:
- Usar mapas (espacialização):
um dos elementos que não podem faltar em qualquer aula de Geografia
(seja ela expositiva ou não) é o uso de mapas ou a espacialização da
discussão. Dessa forma, o professor precisa sempre procurar situar o
aluno sobre onde e como determinados fenômenos ocorrem. Dessa forma, o
mapa-múndi ou outros tipos de mapas mais específicos são quase que
imprescindíveis.
- Provocar e estimular o debate ou a curiosidade:
muitas vezes o aluno, ao se deparar com uma aula expositiva em
Geografia, costuma se perguntar para quê aquele conhecimento lhe será
útil. O professor pode iniciar a sua aula fazendo com que o aluno pense
sobre a utilidade do tema tratado, fazendo perguntas ou questionamentos
no início das aulas que levem o aluno a se sentir curioso e
automaticamente interessado sobre o tema. Por exemplo: em uma aula sobre
placas tectônicas, pode-se indagar o porquê de os terremotos e vulcões
existirem ou como surgem as montanhas.
- Utilizar recursos:
a funcionalidade oferecida pelos recursos tecnológicos ou até mesmo
pelo bom e velho quadro-negro pode ser bem explorada, sempre buscando
evitar os exageros.
O
uso de projetores com slides pode ser um aliado, porém pode ser uma
prática perigosa, isso porque muitos professores colocam textos muito
grandes em cada tela, deixando a aula mais monótona. Nesse tipo de
recurso, é bom priorizar frases curtas, palavras-chaves ou, sobretudo,
imagens e esquemas. Inclusive, os projetores de imagem podem ser bons
aliados no uso dos mapas.
Com
a lousa, a mesma forma é recomendada, pois às vezes o educador leva
mais tempo escrevendo frases ou textos no quadro do que propriamente
explicando, fazendo com que os alunos se dispersem ou fiquem mais
distraídos.
- Objetividade:
em certos casos, pode tornar-se muito penoso para o estudante
acompanhar aulas em que o professor não consegue ter um foco definido
sobre o tema e os objetivos da aula. Às vezes, no esforço de tentar
deixar o assunto da aula mais interessante, o professor acaba “rodando”
em vários outros temas, o que faz com que os estudantes percam
interesse. Procure, antes de cada aula, definir bem claramente quais são
os objetivos dela. O professor pode, até mesmo, escrever esses
objetivos na lousa para que os alunos percebam o real motivo da
exposição a ser realizada.
- Adotar palavras-chaves:
em alguns casos, o professor possui dificuldade em ser claro ao
expressar os seus argumentos ou informações. Para resolver isso, o uso
de palavras-chaves para guiar o ritmo da aula pode ser uma ajuda.
Anotações realizadas em um papel ou caderno, que pode ser sempre
consultado pelo educador durante as aulas, podem ajudar para que ele não
esqueça ou não confunda os diferentes fatos de um mesmo assunto.
- Organizar a fala:
As anotações, que podem ir além das palavras-chaves acima mencionadas,
podem ajudar o professor a organizar a sua fala. Lendo este texto, você
pôde perceber que ele foi organizado em tópicos de forma ordenada
previamente estabelecida, não é mesmo? Procure dar esse mesmo ritmo às
suas aulas, evitando embaralhar demais os temas e coordenando o ritmo de
cada um, por mais que diferentes temas se inter-relacionem. Uma fala
muito caótica mais confunde do que ajuda o estudante a compreender o
assunto, seja ele qual for.
É
válido considerar que este texto é apenas uma fonte de sugestões para
melhorar as suas aulas expositivas, com ênfase nos assuntos referentes à
Geografia. Mas não precisam ser necessariamente acatados como verdades
absolutas, haja vista que cada professor costuma ter o seu próprio
estilo e características de aula. O mais importante é tentar tornar a
sua exposição o mais atrativa possível.
Você tem alguma sugestão para contribuir para essa discussão? Compartilhe suas experiências e opiniões nos comentários!
Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia
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