quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

ESTAMOS PASSANDO PELA SEXTA EXTINÇÃO EM MASSA

No último meio bilhão de anos, a Terra enfrentou cinco episódios de extinção em massa, nos quais até 96% das espécies de seres vivos do planeta simplesmente desapareceram. Todas elas tiveram “causas naturais”, sendo a mais conhecida, e recente, a que decretou o fim dos dinossauros, cerca de 65 milhões de anos atrás, que se acredita ter sido provocada pela queda de um imenso meteoro na região de Chicxulub, na atual da Península de Yucatán, México. Agora, no entanto, espécies de plantas e animais são extintas mil vezes mais rápido do que acontecia antes dos seres humanos existirem. E o problema não acaba por aí. Segundo cientistas, o mundo está à beira de sua sexta extinção em massa.

Araucárias correm sérios riscos de serem extintas nas próximas décadas. 
Chamado de “extinção do Antropoceno”, este processo foi tema de edição especial da revista “Science”, com quatro artigos que procuram identificar o atual ritmo de perda da fauna do planeta, possíveis soluções ou medidas para sua mitigação e seus efeitos tanto sobre o ambiente quanto sobre a própria sociedade humana. Em um deles, um grupo de pesquisadores liderado por Rodolfo Dirzo, da Universidade de Stanford, nos EUA, revisou diversos estudos recentes para mostrar as semelhanças da extinção do Antropoceno com as anteriores, tanto em termos de número de espécies perdidas quanto pela sua variedade em tamanho, grandes ou pequenas, e grupos taxonômicos afetados.

Os anfíbios correm sérios riscos de extinção pois são muito sensíveis às alterações no meio ambiente.
Segundo pesquisadores, só nos últimos 500 anos pelo menos 322 espécies de vertebrados desapareceram do planeta. E, das estimadas 5 milhões e 9 milhões de espécies de animais da Terra, 11 mil a 58 mil estão sumindo anualmente. Mais preocupante ainda, porém, é a forte redução observada nas populações da maioria deles, em especial entre os invertebrados como insetos, menos estudados e conhecidos, mas com papel fundamental no equilíbrio e manutenção de ecossistemas e seus serviços ambientais. De acordo com os cientistas, 67% das poucas espécies de invertebrados monitoradas apresentaram um declínio médio de 45% na sua abundância nos últimos 35 anos, período em que a população humana do planeta dobrou.

As abelhas estão em acelerado processo de extinção graças aos agrotóxicos.
"Tendemos a pensar em extinção como o desaparecimento de uma espécie, e isso é muito importante, mas há a perda de funções críticas dos ecossistemas nas quais os animais têm um papel central a que também devemos dar atenção" — alerta Dirzo. "Ironicamente, temos considerado a perda de fauna um fenômeno críptico, mas creio que acabaremos em uma situação em que ela será não críptica devido às crescentes e óbvias consequências que isso terá sobre o planeta e o bem-estar humano".

Tubarão branco, uma das espécies mais predadas atualmente.
Na revisão, os cientistas citam que invertebrados e pequenos vertebrados, como pássaros e anfíbios, são fundamentais em processos essenciais para a natureza e a sociedade, como polinização, controle de pragas, reciclagem de nutrientes e manutenção da qualidade da água. Dois outros levantamentos mostraram que cerca de 13% das espécies de aves do mundo estão na “lista vermelha” das ameaçadas e que o aquecimento global está reduzindo a população de leões-marinhos e mudando seu perfil genético. 

Nem os saguis escapam das listas de animais ameaçados de extinção.
Além disso, animais de grande porte, como elefantes e rinocerontes, tiveram queda vertiginosa de suas populações. A interferência que a extinção dessas espécies tem sobre a saúde humana também é motivo de preocupação. Na revisão feita em Stanford, foi reaberto um estudo feito no Quênia. Animais de grande porte foram retirados de pedaços isolados de terra e o resultado foi surpreendente: roedores infestaram as áreas, empobrecendo o solo e influindo negativamente no crescimento da flora local.

Carcaça de um elefante caçado para a retirada do marfim.

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