Para alguns, pode parecer bizarro que Oslo recorra à importação de lixo
para produzir energia. A Noruega está entre os dez maiores exportadores
mundiais de petróleo e gás e tem abundantes reservas de carvão e uma
rede de mais de 1.100 usinas hidrelétricas em suas montanhas, ricas em
água.
Mikkelsen, no entanto,disse que a queima do lixo é "um jogo de energia renovável para reduzir o uso de combustíveis fósseis".
Já Lars Haltbrekken, presidente da mais antiga entidade ambientalista da
Noruega, afirmou que, do ponto de vista ambiental, a tendência de
transformar resíduos em energia constitui um grande problema, por gerar
pressão pela produção de mais lixo.
Numa hierarquia de objetivos ambientais, disse Haltbrekken, a redução da
produção de resíduos deveria estar em primeiro lugar, ao passo que a
geração de energia a partir do lixo deveria estar no final. "O problema é
que a nossa prioridade mais baixa conflita com a mais alta", disse ele.
Em Oslo, as famílias separam seu lixo, colocando os restos de comida em
sacos plásticos verdes, os plásticos em sacos azuis e os vidros em outro
lugar. Os sacos são distribuídos gratuitamente em mercearias e outras
lojas.
Mikkelsen comanda duas usinas. A maior delas usa sensores computadorizados para separar os sacos de lixo codificados por cor.
A separação do lixo orgânico, incluindo os restos de comida, passou a
permitir que Oslo produza biogás, o qual já abastece alguns ônibus no
centro da cidade.
Outras áreas da Europa estão produzindo grande quantidade de lixo,
incluindo o sul da Itália, onde lugares como Nápoles pagaram a cidades
da Alemanha e da Holanda para que aceitem seus resíduos, ajudando a
neutralizar uma crise napolitana na coleta do lixo. No entanto, embora
Oslo tenha cogitado receber o lixo italiano, a cidade preferiu continuar
com o inglês, considerado mais limpo e seguro. "É uma questão
delicada", diz Mikkelsen.
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