domingo, 15 de outubro de 2023
sexta-feira, 21 de julho de 2023
LÍDERES DA ONU FAZEM APELO CONJUNTO SOBRE CRISE DE INSEGURANÇA ALIMENTAR
Leia o documento na íntegra:
“A pandemia da COVID-19, a interrupção das cadeias de suprimentos internacionais e a guerra na Ucrânia interromperam severamente os mercados interconectados de alimentos, combustíveis e fertilizantes. Em junho de 2022, o número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar severa, e tiveram seu acesso a alimentos restringido no curto prazo a ponto de suas vidas e meios de subsistência estarem em risco, aumentou para 345 milhões em 82 países, segundo o WFP.
Para complicar ainda mais, cerca de 25 países reagiram ao aumento dos preços dos alimentos adotando restrições à exportação que afetam mais de 8% do comércio global de alimentos. Além disso, a resposta da oferta de alimentos é complicada pela duplicação dos preços dos fertilizantes nos últimos 12 meses, após níveis recordes de custos de insumos, como o gás natural. As reservas mundiais, que aumentaram constantemente na última década, devem ser liberadas para que os preços caiam. Tudo isso está ocorrendo em um momento em que as limitações do espaço fiscal são grandes para que os governos tomem medidas após a pandemia da COVID-19. A longo prazo, as mudanças climáticas afetam estruturalmente a produtividade agrícola em muitos países.
Evitar novos retrocessos na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) requer ações de curto e longo prazo em quatro áreas principais: apoio imediato às populações vulneráveis, facilitação do comércio e do abastecimento internacional de alimentos, impulsionamento da produção, e investimento em agricultura resiliente ao clima.
Apoio imediato às populações vulneráveis - É uma prioridade fortalecer rapidamente as redes de segurança das famílias vulneráveis em nível nacional e garantir que o WFP tenha recursos adequados para alcançar os mais necessitados. As operações do WFP devem ser facilitadas por meio de medidas como o recente acordo dos Membros da OMC de não impor restrições à exportação de suas compras de alimentos para fins humanitários. Se não forem bem direcionados, os subsídios energéticos e alimentares são caros e ineficientes. Devem ser substituídos por transferências monetárias exclusivas para a população mais vulnerável. Os sistemas eficazes de proteção social podem ser expandidos ao longo do tempo para acomodar mais pessoas. Os melhores sistemas consistem de uma forte orientação e sistemas eficientes de inscrição, execução e pagamento que, muitas vezes, tiram proveito da tecnologia.
Facilitação do comércio e do abastecimento internacional de alimentos - No curto prazo, uma liberação de estoque adequada e compatível com a OMC e uma solução diplomática para evacuar cereais e fertilizantes atualmente bloqueados na Ucrânia ajudarão a melhorar a disponibilidade e acessibilidade dos suprimentos de alimentos. A facilitação do comércio e a melhoria do funcionamento e da resiliência dos mercados globais de alimentos e produtos agrícolas, em particular para grãos, fertilizantes e outros insumos de produção agrícola, conforme descrito na Declaração Ministerial da OMC, são essenciais na Resposta de Emergência à Insegurança Alimentar. A crise de 2008 nos ensinou que a imposição de restrições ao comércio mundial leva diretamente ao aumento dos preços dos alimentos. A remoção das restrições à exportação e a adoção de processos de inspeção e licenciamento mais flexíveis ajudam a minimizar as interrupções no fornecimento e a reduzir os preços. Maior transparência por meio de notificações à OMC e monitoramento aprimorado das medidas comerciais serão essenciais.
Impulsionar a produção - São necessárias ações para estimular agricultores e pescadores a impulsionar a produção sustentável de alimentos, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos, e melhorar as cadeias de abastecimento que os conectam aos oito bilhões de consumidores do planeta. Isso requer fertilizantes, sementes e outros insumos acessíveis do setor privado como o principal ator nesses mercados. Fornecer capital de giro para produtores competitivos também é uma prioridade crucial. No futuro, a disseminação de conhecimento das melhores práticas da FAO, Grupo Banco Mundial e outros, será fundamental para aumentar o uso eficiente de fertilizantes por meio da rápida implantação de mapas de solo, serviços de extensão e tecnologia de agricultura de precisão. Graças a isso, os produtores terão o conhecimento técnico necessário, fundamental para manter os níveis de produção e promover o uso sustentável dos recursos naturais.
Investir em agricultura resiliente ao clima - Apoiar investimentos resilientes em capacidade agrícola e fornecer apoio para adaptação, pequenas propriedades, sistemas alimentares e tecnologias inteligentes são essenciais para promover uma agricultura resiliente ao clima e garantir uma produção consistente nos próximos anos. O trabalho focado em regras, definição de padrões e infraestrutura da cadeia de valor (instalações de armazenamento e refrigeração e infraestrutura bancária e de seguros) também é importante para ampliar o acesso e reduzir a desigualdade.
Apelo - A experiência anterior mostra que é importante ajudar os países em desenvolvimento que foram atingidos pelo aumentos de preços e escassez para atender às suas necessidades urgentes sem frustrar os objetivos de desenvolvimento de longo prazo. É essencial garantir que os países mais vulneráveis que enfrentam problemas significativos de balança de pagamentos sejam capazes de arcar com o aumento do custo das importações de alimentos para minimizar qualquer risco de agitação social. O financiamento do desenvolvimento deve oferecer aos clientes alternativas viáveis às políticas domésticas, como proibições de exportação ou subsídios gerais à importação de fertilizantes. Investimentos em redes de segurança expansíveis e em agricultura resiliente ao clima e pesca e aquicultura sustentáveis são bons exemplos de medidas em que todos ganham.
Apelamos aos países para que fortaleçam as redes de segurança, facilitem o comércio, impulsionem a produção e invistam em agricultura resiliente. As necessidades específicas de cada país devem ser identificadas e definidas por meio de um processo nacional que mobilize investimentos de bancos multilaterais de desenvolvimento para conectar oportunidades de curto, médio e longo prazo. Comprometemo-nos a colaborar em favor desse processo por meio da Aliança Global para a Segurança Alimentar, convocada conjuntamente pela Presidência do Grupo dos Sete (G-7) e pelo Grupo Banco Mundial para monitorar os fatores determinantes e os efeitos do aumento dos preços e garantir que os países necessitados tenham investimentos, finanças, dados e conhecimento das melhores práticas. "
terça-feira, 18 de julho de 2023
terça-feira, 21 de fevereiro de 2023
TODO O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO EM APENAS UM TEXTO
domingo, 4 de dezembro de 2022
sábado, 29 de outubro de 2022
quinta-feira, 29 de setembro de 2022
terça-feira, 27 de setembro de 2022
quinta-feira, 22 de setembro de 2022
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
O QUE PODE PARAR SE A RÚSSIA CORTAR TOTALMENTE O GÁS PARA A EUROPA
A Europa tem consciência de que, a qualquer momento, a Rússia pode cortar o gás que envia aos países do continente. Essa será, provavelmente, mais uma resposta do presidente russo, Vladimir Putin, às sanções feitas pelo Ocidente depois da invasão à Ucrânia.
Prevendo um inverno rigoroso e com energia em falta, os principais países europeus se organizam para elencar quais são os setores da indústria que não poderão parar e aqueles que precisarão ser suspensos temporariamente.
“A Rússia usa energia como arma. E, assim, em qualquer situação, seja um corte parcial e importante do gás russo ou um corte completo, a Europa deve estar pronta”, disse, em julho, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
Nem todos os países da Europa, no entanto, concordam com as propostas de controle do gasto de energia. Existem divergências entre a possibilidade e a disponibilidade de reduzir o consumo. Os que insistem em medidas radicais são aqueles que já estão sofrendo com a redução do envio de gás russo.
Setores prioritários e setores que poderão parar
Os Estados membros tentaram traçar, juntos, quais setores são prioritários e deverão continuar funcionando mesmo em caso de um corte maior da Rússia. Além de começarem a listar as áreas que poderão parar temporariamente.
A saúde e o setor farmacêutico, segurança, alimentação, refinarias, fertilizantes e a produção de eletricidade devem continuar a funcionar normalmente em caso de escassez, segundo o executivo europeu.
Partes da indústria química que abastecem os sistemas alimentares e de saúde, e setores da indústria têxtil necessários à produção de cuidados de saúde e defesa também entram na lista prioritária.
Por outro lado, para Phuc-Vinh Nguyen, pesquisador do Instituto Jacques Delors, o setor de luxo e o do automóvel serão os primeiros a parar.
"A produção de carros, que consome muita energia, provavelmente não será considerada como uma prioridade no caso de uma onda de frio neste inverno. Isso terá um impacto em particular na indústria alemã, que domina o mercado europeu”, explicou Nguyen ao periódico Le Figaro.
Ele ainda apontou que, no ramo alimentício, fábricas que preparam arroz ou macarrão, por exemplo, entram na lista de prioridade, mas a produção de bombons e produtos não essenciais poderá ser suspensa.
Já Ricardo Fernandes, analista de riscos da ARP Digital, acredita que os setores que mais sofrerão com as represálias russas serão de petroquímica, química e fertilizantes, apesar deste último ter sido listado como prioritário pelo comando da União Europeia. “Algumas fábricas de fertilizantes já estão fechando na Europa pela falta de gás e isso deve continuar acontecendo”, analisou.
Para Fernandes, o principal problema relacionado a um possível corte de gás russo é a desestruturação de sistemas altamente dependentes da exportação russa, como a Alemanha. Importar gás de outros países encareceria e inviabilizaria o sistema comercial alemão e não existe, por enquanto, preparação para trocar toda a fonte de energia. Essa situação coloca o país que tem a maior economia do euro à beira da recessão.
Nos últimos meses, as remessas do gasoduto Nord Stream, que transporta o gás russo diretamente para a Alemanha através do mar Báltico, caíram 60%. Pela primeira vez desde 1991, o país registrou déficit no comércio exterior em maio. Enquanto o preço dos hidrocarbonetos está subindo, a crise energética coloca em evidência todas as suas escolhas questionáveis, como o fechamento de usinas nucleares.
A indústria automobilística alemã é responsável por 13% do PIB do país, mas o setor está de mal a pior desde o início da pandemia de Covid-19 e foi ainda mais atingido pela invasão russa à Ucrânia. As exportações também estão sofrendo com novas dificuldades de fornecimento. Volkswagen, Porsche e BMW estão muito expostas à escassez de sistemas de fiação elétrica que são importados da Ucrânia.
Se o setor paralisar, sendo tão importante para o equilíbrio econômico alemão, todo o sistema estará ainda mais comprometido, com demissões em massa e redução de consumo, atingindo também outros setores do país.
Um relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em julho estimou que o PIB alemão cairia cerca de 3% no caso de um corte total de gás russo. Em países menos dependentes do combustível da Rússia, como a Espanha e a França, o efeito seria menor, e a queda do PIB seria de cerca de 1%.
De acordo com o FMI, os países mais atingidos seriam, nesta ordem: Hungria, Eslováquia, República Tcheca, Itália, Alemanha, Áustria, Romênia, Eslovênia, Croácia, Polônia e Holanda.
Cortes russos
Os russos forneceram aos europeus cerca de 150 bilhões de metros cúbicos de gás em 2021, o que representa 40% das importações da União Europeia.
A Rússia reduziu a exportação para a Europa a menos de um terço do que enviava no começo do ano, disparando os preços. Doze Estados membros estão parcial ou totalmente isolados do gás russo.
Apesar de nem todos os países terem como modelo de negócio a importação de gás russo, a necessidade de economia de energia entrou em pauta nas principais reuniões da UE, em uma preparação para o próximo inverno, quando a demanda por energia aumentará e o combustível poderá faltar.
Países como Portugal e Espanha, por exemplo, que não têm uma economia dependente da energia russa, ficaram contra o que foi proposto pela Comissão Europeia, de redução do consumo em 15%.
Os europeus têm até o final de setembro para apresentar, separadamente, quais planos podem ser tomados em cada país para evitar um colapso no próximo inverno, que começa em dezembro no hemisfério norte.
Por Mariana Braga 04/08/2022 20:51