domingo, 24 de maio de 2020

MÚSICA PRECIPITADA

Tocando música com o tempo!


Ethereal in E utilizou um hang (não o dono daquela loja, mas esse instrumento musical que parece um ovni) para criar músicas com a chuva! 

Aproveitando a deixa, você lembra as diferenças entre tempo e clima?

IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR

Hora do almoço: você sabia que 70% dos alimentos consumidos no Brasil vêm da agricultura familiar?

De acordo com o IBGE, são os pequenos agricultores que plantam para abastecer a família e vendem o que sobra da colheita (como mandioca, feijão, arroz, milho, leite, batata) que fornecem comida para os brasileiros. Diferente do modelo do agronegócio, no qual predomina a monocultura em grandes propriedades rurais, ou um pequeno número de culturas, as chamadas commodities, na agricultura familiar predomina a policultura em pequenas e médias propriedades e a produção de alimentos. Para se ter uma ideia, em 2017, das 115 milhões de toneladas de soja produzida pelo agronegócio, 78% foram para a China. No entanto, os agricultores familiares têm pouca representatividade no Ministério da Agricultura, onde predomina a bancada ruralista e seus interesses antagônicos. 




Portanto, valorize a agricultura familiar! Se possível, nessa pandemia e depois dela, também, adquira produtos diretamente desses produtores. Existem diversos sites e aplicativos com alcances regionais que facilitam o acesso a eles. Pesquisa se na sua região se existe algum!

domingo, 3 de maio de 2020

O ECLIPSE DA CIDADE E OS “SEM DIREITOS”

Texto da Professora Ana Fani Carlos publicado na edição de abril do Le Monde Diplomatique Brasil. 

Em um momento como o que vivemos, é gratificante ver geógrafos pensando o problema, publicando suas ideias e mostrando o valor da Geografia. Você leu outros textos de geógrafos que tratam da pandemia? Compartilhe conosco!

O ECLIPSE DA CIDADE E OS “SEM DIREITOS”

Limitada pelo aprisionamento do corpo, relegado aos espaços privados, a vida urbana passa a ser mediada pelas redes e mídias sociais, que criam a sensação de proximidade e diálogo ainda que virtual. Mas a densidade do uso do espaço urbano revela, todavia, o grau diferenciado da intensidade dos sons iluminando, inequivocamente, a desigualdade vivida através do modo como os cidadãos lidam (ou são obrigados a lidar) com a pandemia. O eclipse é parcial.

Estamos vivendo o impensável: em muitos lugares da metrópole de São Paulo o som, vindo de fora das janelas, está muito próximo do silêncio. Hoje a realidade parece conspirar com aquilo que define a cidade como o espaço apropriável que sustenta a vida, isto é, um espaço palpável, real e concreto. O que é exterior a nós e, ao mesmo tempo, uma realidade vivida por todos através das propriedades do tempo. Portanto a cidade, mais do que arquitetura, é presença.

O acesso à cidade se faz através do corpo que ocupa os espaços onde se realiza a vida em suas relações mais finas. Refiro-me aos usos dos lugares das múltiplas atividades que pontuam nosso cotidiano tornando-o possível e que podem ser reconhecidos nos pequenos atos corriqueiros e, aparentemente irrisórios, como aqueles dos múltiplos encontros, dos atos de ir e vir das compras, do trabalho, da escola, do cinema etc.
Identidade

Essas ações sedimentam os laços de identidade entre os habitantes e a cidade pois promovem reuniões e encontros revelando os espaços-tempos do desenrolar da vida diferenciando o espaço privado do público onde se constrói e se vive o entrelaçamento das histórias individuais na constituição de uma história coletiva numa cidade que é, antes de mais nada, uma obra civilizatória. Hoje, todavia, vai aprofundando-se a linha de demarcação imposta pelo limiar da porta da casa que marca o dentro (seguro) e o fora (perigoso e ameaçador).
A pandemia revoluciona os sentidos e usos dos lugares da cidade, porque colocou de ponta cabeça nossa vida cotidiana. A estratégia para superá-la impõe o isolamento social negando o corpo que usa e se apropria da cidade como condição da realização da vida em sociedade. É assim que ela se esvazia, fato que pode ser constatado nos núcleos de comércio da cidade – lugares intensos de troca – bem como na diminuição dramática do fluxo de carros nas principais ruas e avenidas.

Limitada pelo aprisionamento do corpo, relegado aos espaços privados, a vida urbana passa a ser mediada pelas redes e mídias sociais, que criam a sensação de proximidade e diálogo ainda que virtual. Mas a densidade do uso do espaço urbano revela, todavia, o grau diferenciado da intensidade dos sons iluminando, inequivocamente, a desigualdade vivida através do modo como os cidadãos lidam (ou são obrigados a lidar) com a pandemia. O eclipse é parcial.

No centro da cidade se o fluxo diminui, não apaga a presença dos cidadãos que vivem nas ruas e que aí se encontram esperando por ajuda e comida em filas que os mantêm, do ponto de vista sanitário, em situação de risco. Em muitos lugares da periferia, tão pouco, o uso e o silêncio podem ser igualados àqueles dos bairros de população de alto poder aquisitivo.

Nestes lugares periféricos onde residem, preferencialmente, a parcela da sociedade de baixo poder aquisitivo – que mais tempo leva para se deslocar na cidade, cujas moradias, mais se distanciam dos lugares de trabalho e onde, os preços do metro quadrado do solo tendem a ser mais baixo pela deficiência ou ausência de infraestrutura – a vida segue precariamente.

Em muitas destas áreas, as pessoas moram em casas pequenas, cujas torneiras nem sempre sai água, em muitos casos com banheiros compartilhados, com fogões desligados e mesas sem comida. É o lugar de vida de trabalhadores, muitos deles informais, que vivem de bico e dependem da circulação das pessoas. É também aquele do pequeno comércio que vende as mercadorias em quantidades muito pequenas porque o dinheiro é escasso e nem sempre permite fazer estoques.

Aqui, o dentro e fora parecem imbricados e a rua é a condição óbvia do desenrolar da vida tornando difícil o isolamento social. Logo as estratégias que podem evitar ou diminuir as consequências da pandemia se fazem precariamente, mas constantemente, através das ações promovidas pelos próprios moradores num esforço de solidariedade e união na luta pela vida. O cotidiano da metrópole, pontuando pela contagem entre mortos e infectados e a necessidade da quarentena, ilumina o fato de que nem todos podem escolher.

Mas se nestes lugares se encontram os “sem direito à quarentena” é também onde o corpo resiste e mostra sua visibilidade e, através desta, questionam os direitos desiguais que traz, como exigência, um tratamento também desigual, nas estratégias de mitigar a pandemia.
Desigualdades

Deste modo, a crise do novo coronavírus revela o fato de que o simples ato de ficar em casa, ou ter acesso aos tratamentos em hospitais – em um país como o nosso – não está posto para todos, pois os diretos não são iguais. Essas possibilidades já estão postas historicamente pelo acesso diferenciado, numa sociedade de classe, aos direitos à vida e à cidade.

Em nossa sociedade urbana, profundamente desigual, a segregação socioespacial assinala, portanto, a hierarquia social vivida diferencialmente. É por esse motivo que o vírus ao atingir desigualmente a sociedade – apesar dos discursos em contrário – aprofunda a crise social também de forma desigual.

No plano político o discurso oficial além de encobrir essas diferenças e portanto, o modo diferencial de lidar com elas, encobre algo importante: a luta que se trava contra o vírus encontra um sistema de saúde que já vem sendo dilapidado pelas políticas neoliberais cujo exemplo didático é a Emenda Constitucional (EC) 95/2016, conhecida como a “emenda do fim do mundo” aprovada no governo Temer, que congelou por 20 anos, os gastos de saúde e educação.

É assim que, no governo atual, foi possível elevar gastos e investimentos na área de Defesa – um aumento real (acima da inflação) de 22,1% – enquanto a proposta orçamentária para 2020 diminuía a previsão de verba para gerenciamento de hospitais universitário (com corte de 24%), ou ainda um corte de 3.2 bilhões – entre 2019 e 2020 – para a empresa brasileira de serviços hospitalares. Os gastos declinantes com a saúde, no Brasil, acusaram, só no ano de 2019 em relação a 2018, uma diminuição de 20 bilhões de reais.

É neste cenário que somos convocados a defender um sistema de saúde que tem merecido, cortes sucessivos impostos pelo modelo neoliberal adotado, o que esclarece a insistência do governo federal em defender o crescimento da economia em detrimento da preservação da vida.

Ana Fani Alessandri Carlos é professora titular em Geografia da FFLCH-USP e coordenadora do GT “Teoria Urbana Critica”, Instituto de Estudos Avançados- IEA-USP

CLIMOGRAMAS

Climogramas são formas de representação gráfica de um clima. Neles são representadas as temperaturas (ºC, linha) e precipitações (mm, barras) médias ao longo do tempo (normalmente, um ano).

No site Climate.data (https://bit.ly/3eRZjnX) é possível encontrar climogramas de, praticamente, todo lugar do mundo! Além disso, é possível encontrar diversas outras informações sobre climas. 

Vale a pena salvar em seus favoritos!



DAVID HARVEY: A CLASSE TRABALHADORA HOJE

Em vídeo legendado, David Harvey fala sobre como pensar e organizar a classe trabalhadora na contemporaneidade. Diferente de sua forma clássica, industrial, a classe trabalhadora hoje está fragmentada e dispersa pelo cenário urbano. Nesse contexto, Harvey sublinha a importância de pensar as estratégias territoriais para a luta de classes. 

David Harvey é um dos geógrafos mais influentes da atualidade, reconhecido internacionalmente por seu trabalho de vanguarda na análise espacial das dinâmicas do capital. É professor de antropologia da pós-graduação da Universidade da Cidade de Nova York.

O vídeo é um trecho da mesa de encerramento do Seminário Internacional Cidades Rebeldes, organizado pela Boitempo e pelo Sesc em 2015. 


Confira a gravação integral da mesa, dublada em português, abaixo:


sexta-feira, 1 de maio de 2020

MINERAÇÃO EM TERRAS INDÍGENAS

Quem são os potenciais beneficiados com a mineração em terras indígenas da Amazônia?


Dados publicados pela Agência Pública indicam que os processos de exploração minerária em Terras Indígenas (TIs) da Amazônia cresceram 91% desde 2019. Esta foi a primeira vez, desde 2013, que os requerimentos registraram aumento.

Nos últimos dez anos, a Agência Nacional de Mineração registrou 656 processos minerários que passaram por trechos de TIs. É no Pará onde está a maioria dos processos minerários em TIs. A Terra Indígena Kayapó é a que mais enfrenta processos sobre suas terras no período. Em seguida, está a terra Sawré Muybu, dos Munduruku, também no Pará.

Entre os potenciais beneficiários dos processos de exploração minerária em Tis, estão grandes figuras políticas do Amazonas, cooperativas de garimpo com sócios envolvidos em denúncias por crimes ambientais, uma gigante da mineração mundial e até mesmo um artista plástico paulista. 

Seguem alguns nomes:

  • Sami Hassan Akl (campeão de requisições de exploração mineral em TIs desde 2019, arquiteto e artista plástico); 
  • Anglo American (gigante da mineração mundial com sede em Londres); 
  • Cooperativa dos Garimpeiros da Amazônia; 
  • Cooperativa de Trabalho de Mineradores e Garimpeiros do Marupá; 
  • SMD Recursos Naturais Ltda (tem como sócio o ex-governador do Amazonas Amazonino Armando Mendes).

Fonte: El País (https://bit.ly/2yHI6gy)

quarta-feira, 29 de abril de 2020

VÍRUS PRESIDENCIAL


Sugerimos algumas atitudes que um presidente de verdade poderia ter numa pandemia:

  • Incentivar o isolamento social e a redução da circulação de pessoas;
  • Possibilitar a compra ou produção de respiradores, EPIs e testes;
  • Viabilizar a abertura de leitos de UTIs e hospitais de campanha;
  • Contratar e apoiar profissionais da saúde;
  • Autorizar o pagamento do auxílio emergencial;
  • Apoiar e financiar o desenvolvimento da ciência e da tecnologia;
  • Respeitar as pessoas em momentos difíceis;

SOB A PATA DO BOI

Temas abordados: Desmatamento da Amazônia em função da prática da pecuária.


Título original: Sob a pata do boi.
Lançamento: 2018.
Origem: Amazon Prime.
Gênero: Documentário.
Duração: 49 minutos.
Idioma: português.

Sinopse: A Amazônia tem hoje 85 milhões de cabeças de gado, três para cada habitante humano. Na década de 1970, quase não havia bois e a floresta estava intacta. Desde então, uma porção equivalente ao tamanho da França desapareceu, da qual 66% virou pastagem. A mudança foi incentivada pelo governo, que motivou a chegada de milhares de fazendeiros de outras partes do país. A pecuária tornou-se bandeira econômica e cultural da Amazônia, forjando poderosos políticos para defendê-la. Em 2009, o jogo começou a virar quando o Ministério Público obrigou os grandes frigoríficos a monitorarem o desmatamento nas fazendas de onde compram gado.

Sob a pata do boi pode ser baixado gratuitamente a partir da realização de cadastro no site VideoCamp e está disponível no Amazon Prime.

TRAILER DO DOCUMENTÁRIO

PANDEMIA FORÇA MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS EM SENTIDO CONTRÁRIO


O migrante vive num mundo onde a globalização dispensa fronteiras, muda parâmetros, ostenta luxos, esbanja informações, estimula consumos, gera sonhos e cria expectativas de uma vida melhor. No entanto, enquanto o capital e o comércio fluem livremente, a mão-de-obra se move de modo limitado e restrito (MARTINE, 2005). Nos últimos anos, milhões de pessoas deixaram seus países de origem em direção a regiões e países desenvolvidos. As rotas mais conhecidas da migração ilegal envolvem países do Norte da África (Marrocos e Argélia) e países da Europa Ocidental (como Espanha, Itália e Alemanha).
 
No entanto, a pandemia do Covid-19 tem forçado movimentos migratórios inéditos, e em sentido contrário! Migrantes, em sua maioria ilegais, fugindo do vírus e da consequente paralisação das economias europeias pagam até 35 mil reais para máfias de traficantes os transportarem em barcos até países como Marrocos e Argélia. Além dos riscos do próprio processo migratório ilegal, autoridades desses países estão preocupadas com a transmissão do Covid-19 pelos que retornam. A situação no Marrocos, por exemplo, é complicada, sendo o terceiro país com a maior quantidade de casos confirmados do Covid-19 na África e mantém restrições severas à sua população.

Fonte: El País (https://bit.ly/2KDrzgd)

AS MARCAS MAIS VALIOSAS DE ALGUNS PAÍSES

Enquanto as economias dos países do Centro dinamizam-se pelas inovações e difusões de processos técnicos e da tecnologia, na Periferia a dinâmica do mercado impõem padrões de consumo sob a forma de novos produtos com graus de sofisticação técnica e tecnológica que não existem na sociedade em questão.

Esta anamorfose representa a marca mais valiosa de alguns países do mundo. 2017.


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